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Passar horas no celular pode trazer sérios problemas

Por Cleusa Duarte

Quem gosta de passar horas no celular conversando pelo WhatsApp ou é profissional em ofícios como os de trabalhos domésticos, digitadores, carpinteiros, operários da construção civil, de linhas de montagem, carpinteiros, manicures, jornalistas, entre outros, devem tomar cuidado para não desenvolverem uma doença chamada epicondilite lateral. Segundo um estudo publicado pela RBO (Revista Brasileira de Ortopedia), no Brasil, essa dor no cotovelo atinge mais de 150 mil pessoas por ano. Cerca de 95% dos pacientes são representados por pessoas entre 35 e 55 anos, nas quais o início dos sintomas é relativamente insidioso, com caráter progressivo.

A epicondilite lateral, também conhecida como ‘cotovelo de tenista’ é uma inflamação dos tendões do cotovelo que atinge parte da população adulta e que causa dores de intensidades variadas. Apesar do nome do problema estar relacionado à prática esportiva do tênis, apenas 5 a 10% dos pacientes que apresentam essa condição praticam o esporte. Geralmente, são trabalhadores que exercem atividades de repetição ou esforços intensos isolados, que sofrem com a doença.

“Os sintomas são terríveis. Cheguei a ter uma dor intensa por mais de um ano e era 24 horas. Precisei na época, uns 15 anos atrás, para recorrer por orientação médica a infiltrações. Além da dor,  perdi a capacidade de exercer algumas funções, sendo difícil, por exemplo, girar a maçaneta da porta ou segurar uma jarra”, conta a administradora de empresas  Jussara Santos.

Mas sem dúvida, o celular não é o único vilão, o laptop e o próprio computador contribuem para o desenvolvimento da doença. “a recomendação é que a pessoa não fique horas a fio digitando mensagens, respondendo emails e usando constantemente as dezenas de aplicativos por meios eletrônicos. Quem trabalha deve dar uma parada e alongar a musculatura após 1 hora ou 2 horas. Quem utiliza o celular deve administrar o tempo. Utilizar por também no máximo 1 hora”, explica o ortopedista do Itaigara Memorial especializado em Ombro e Cotovelo, Dr. Marcos Pimentel.

Pimentel reforça que os setores mais acometidos da doença são os extensores que se originam nos epicôndilos laterais e geram essa patologia cujos os principais sintomas são a dor relacionada aos movimentos principalmente do punho e cotovelo com irradiação do antebraços e levam a necessidade de um tratamento pois não conseguem mais realizar as atividades. “ O tratamento inicial recomendado é o conservador com medicações anti-inflamatórias específicas e principalmente muita fisioterapia além da recomendação de diminuição do agente causador no caso a digitação. Pode em alguns casos de dor intensa ser recomendada a realização da  infiltração com  anestésicos e corticóides ou  ácido hialurônico .  A aplicação de gelo também ajuda. Mas o tratamento tem que ser feito através de  orientação médica.  Outra dica importante é providenciar um mobiliário ergonômico. Em casos de crises de dor, pode-se imobilizar, por um período curto, o cotovelo e o punho”.

A cirurgia só é indicada caso não haja melhora no tratamento conservador depois de seis a oito meses, ou no caso de recidivas. A cirurgia busca a retirada do tecido acometido doente e o reparo desta região, proporcionando cicatrização local e retorno funcional. No entanto, o tratamento conservador permite resolver entre 80% a 95% dos casos de epicondilite lateral.

As radiografias do cotovelo são de pouco auxílio no diagnóstico. Poucos casos podem apresentar calcificações na área correspondente à inserção dos tendões no epicôndilo lateral, sem significar pior prognóstico. A ultrassonografia é outro método de imagem que pode contribuir para o diagnóstico, porém é um método operador-dependente. Já a ressonância magnética pode demonstrar o comprometimento, podendo também ser utilizada para os casos de dúvida no diagnóstico clínico ou sem alterações no exame de ultrassom.


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