Quase um mês após o início da campanha eleitoral, os candidatos à Presidência da República têm investido pesado em anúncios nas plataformas digitais. Somados, os gastos dos quatro primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto chegam a R$ 7,9 milhões. As publicações são recheadas de farpas entre os postulantes e procuram desmentir boatos que circulam nas redes sociais.
Para fazer o levantamento, o Metrópoles levou em consideração os dados dos últimos 30 dias, disponibilizados nas plataformas do Google, o que inclui anúncios veiculados no buscador e no YouTube, e da Meta, abarcando conteúdos do Facebook e Instagram.
Líder do ranking, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aplicou R$ 3,5 milhões nas duas plataformas. Em seguida, aparecem Ciro Gomes (PDT), com R$ 1,8 milhão, e Simone Tebet (MDB), que gastou R$ 1,4 milhão. Na lanterna entre os quatro primeiros, Jair Bolsonaro (PL) desembolsou R$ 1.075 milhão.
Os anúncios miram, principalmente, a Região Sudeste, onde se concentram os maiores colégios eleitorais do país. No Google, Lula distribuiu R$ 748 mil em publicações veiculadas para usuários de São Paulo, R$ 296 mil no Rio de Janeiro e R$ 274 mil em Minas Gerais, as três unidades da Federação com maior número de eleitores.
No mesmo sentido, Bolsonaro direcionou R$ 220 mil ao público paulista, R$ 95 mil aos mineiros e R$ 87 mil aos cariocas. Ciro e Tebet também priorizaram os três estados em anúncios na plataforma.
Já na Meta, os nomes de Romero, candidato a deputado estadual por Pernambuco, Elmano Freitas (PT), adversário de Roberto Claudio no Ceará, e Célio Studart (PSD), postulante a deputado federal pelo mesmo estado, figuram entre os que mais investem nessa tática.
Farpas e fake news
Em meio a propagandas que exaltam feitos de governo e apresentam propostas, os líderes nas pesquisas, Lula e Bolsonaro, dedicam parte dos anúncios a ataques entre si. O chefe do Executivo federal desembolsou mais de R$ 90 mil em uma propaganda com trechos em que o ex-governador de São Paulo e hoje vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSD), critica os escândalos de corrupção do governo petista. “Se até o vice do Lula pensa assim, como é que eu vou confiar nele?”, diz a peça. O vídeo foi exibido mais de 10 milhões de vezes.
Em resposta, a campanha de Lula impulsionou uma declaração de Alckmin rebatendo as afirmações: “Nesta eleição, antigas falas minhas estão sendo usadas por Bolsonaro para confundir o povo”. A chapa gastou entre R$ 15 mil e R$ 20 mil no impulsionamento da filmagem, visualizada cerca de 1,5 milhão de vezes.
O ex-presidente também apostou em diversas publicidades contra Bolsonaro. Em uma delas, a campanha coloca o atual mandatário como “ruim de serviço” e critica a gestão dele durante a pandemia, a situação da economia e da fome no país. Em outra publicação, Lula exibe um trecho de em que Bolsonaro fala que “quer todo mundo armado”. “Mas arma não resolve o problema da fome. Arma não diminui a inflação do país”, narra o vídeo. Dos dois lados, as farpas se repetem em outras postagens.
No caso de Lula, a verba não é investida apenas em ataques – parte do montante é empregada no combate à desinformação. O petista desembolsou ao menos R$ 50 mil para desmentir os boatos de que ele fecharia igrejas, acabaria com o Pix, entre outros.
Na contramão, Ciro e Tebet evitam ataques e focam na divulgação de propostas. O pedetista tem impulsionado, principalmente, vídeos sobre o programa de renda básica de R$ 1 mil e a Lei Antiganância, contra juros de bancos. Já Tebet, bate na tecla da representação feminina.
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