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Lançamento do Carnaval Ouro Negro 2024 celebra blocos afro no Pelô

Blocos afro, afoxés e indígenas estiveram nesta quarta-feira, 16, no Largo Quincas Berro D’água, Pelourinho, para o lançamento do Carnaval Ouro Negro 2024. Os agogôs das Filhas de Ghandy na entrada marcaram as boas vindas aos participantes da cerimônia.

O Ouro Negro foi concebido em 2008 com o objetivo de apoiar entidades de matrizes africanas para desfiles carnavalescos. Neste ano, o investimento recorde foi de quase R$ 15 milhões.

Também houve um aumento no número de propostas contempladas, que em 2024 foram 132. Ao Portal A TARDE, a secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, Ângela Guimarães, afirma que o programa reorganiza a atenção e o apoio do Estado às expressões culturais carnavalescas de matriz africana e de indígenas desde 2008.

“Essas agremiações têm, sobretudo, o papel de resistência, de preservação da cultura de matriz africana, de conscientização acerca da negritude e dos direitos. São agremiações ativistas por um mundo de igualdade, que atuam no combate ao racismo. Então, geralmente as marcas não se associavam a esses propósitos”.

Ela explica que agora, com o Estado assumindo para si a responsabilidade, existe o fortalecimento do respeito e importância que tais grupos têm na sociedade. A secretária pontua que negar o financiamento a essas expressões era também reproduzir o racismo.

“É uma política de promoção da igualdade racial e de combate ao racismo, olhar para aqueles que nunca tiveram atenção. Nem do poder público, nem do mercado e que mesmo assim continuaram abrilhantando, tornando o nosso carnaval singular e único. O Carnaval da Bahia é único, o Estado da Bahia é o Estado que mais conseguiu preservar a influência africana. À base de quem? Do mercado? Do Estado? Não, à base dessas organizações. Então o Estado vai lá e diz, vocês importam, vocês existem, vocês precisam ser valorizados, vocês precisam contar”.

Expansão 

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, frisou que muitos vieram antes e resistiram com altivez. O gestor pontuou que o Carnaval da Bahia começou no sábado, com a Noite da Beleza Negra, que definiu a Deusa do Ébano 2024, e falou sobre as homenagens aos blocos afro.

“Esse ano ampliamos ainda mais as possibilidades aos carnavais de bairro, estamos pegando na mão dos municípios que tem histórico forte, não só de carnaval e micaretas. Muitos de nós achamos que blocos afro trabalham durante o Carnaval, depois desliga e volta no ano que vem”.

Ele pontuou ainda que, além dos trabalho durante o Carnaval, blocos afro e independentes precisam de apoio durante todo o ano, pois desenvolvem atividades que, inclusive, auxiliam a própria sociedade.

Em seu discurso, o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, considera que a noite é histórica e não apenas os recursos são ampliados, como também o objeto. “Aprendi que nós precisamos reconfigurar o que acontece no dia a dia dos blocos afro e independentes, trabalham o ano inteiro. Projetos sociais durante todo o ano. Produzem vestimenta, manequins, modelos, música, ritmos, ensaiam”.

“O que essas entidades fazem não é só Carnaval, tem caráter pedagógico, educativo, de formação cultural, de propagação dos direitos, da cultura afro e da luta contra o racismo. Quando o certificamos, significa a opção do governo de acreditar no trabalho desenvolvido por essas entidades”.

O secretário disse ainda que está em discussão um sistema de financiamento não apenas no Carnaval, tendo em vista que as instituições atuam durante todo o ano.

“Nosso compromisso é ter um programa de financiamento permanente, não só no Carnaval e Verão, aqui se produz cultura, empoderamento e nova consciência social e isso dialoga com o que nós acreditamos”.

A cerimônia contou ainda com a entrega simbólica do selo Ouro Negro aos blocos Bankoma, Alvorada, Quixabeira da Matinha, Filhas de Ghandy e Malê Debalê.

Essência 

Em conversa com o Portal A TARDE, o secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacelar, avalia que o Carnaval do estado é diferenciado dos outros carnavais por conta de ser uma festa eminente popular, feito pela população e blocos afro e independentes.

“A cidade cultural da Bahia está mantendo o carnaval do estado, está ampliando a nossa festa e atraindo as pessoas para aqui. Porque os que nos visitam, vêm atrás dessas manifestações populares. Com isso, nós do governo do estado, com as iniciativas, é que retroalimenta também o carnaval do estado. E para nós, no turismo, é fundamental a força dos blocos, dos blocos independentes”.

O secretário pontua que são esses blocos que trazem a inovação popular, diferente dos blocos de trio, que também tem sua importância.

“O governo do estado valorizando os blocos afro, os blocos independentes, permitindo que esses blocos possam, através do apoio do ouro negro, expressar toda a diversidade. A cidade cultural da Bahia está mantendo o carnaval do estado, está ampliando a nossa festa e atraindo as pessoas para aqui”.


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