Os nossos modos de habitar a Terra nos levaram a descobrir a finitude do que acostumamos chamar de “recursos naturais”. Os países do centro do capitalismo devoraram a maior fatia do planeta. Na outra ponta do sistema, as sobras do mundo ainda hoje são acumuladas nos lixões. Desde 2 de agosto de 2024, após sucessivos adiamentos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305, de 2010) proibiu os municípios brasileiros de destinar os restos do consumo a lixões.
As cidades tiveram que buscar alternativas, como aterros sanitários submetidos à legislação ambiental e coleta seletiva de resíduos. As duas medidas são complementares e estão em prática em parte dos municípios, com diferentes níveis de alcance. Itabuna é um deles.
Desde 2021, o município destina parte dos resíduos urbanos a um aterro sanitário privado, às margens da BR-415, em Ilhéus. Outra fração dos resíduos é coletada pelos trabalhadores da Associação de Agentes Ambientais e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis de Itabuna (Aacrri), criada em 2021.
A Aacrri levou o nome de Itabuna à ExpoCatadores 2024, ocorrida de 18 a 20 de dezembro, no Centro de Convenções do Anhembi, na cidade de São Paulo. A 11ª edição do evento teve como tema Reciclagem Popular: Inovação Sustentável na Era da Revolução Tecnológica e da Crise Climática.
Durante três dias, o evento promoveu palestras, painéis de debate e apresentações sobre as novas tecnologias que estão transformando o setor de reciclagem no Brasil e no mundo, além de fomentar parcerias e negócios entre empresas, cooperativas e associações de catadores e catadores autônomos.
MÃOS QUE RECICLAM
A ExpoCatadores 2024 reuniu cerca de 2,5 mil catadores e catadoras de diversas regiões do país, além de representantes de toda a cadeia de reciclagem. A abertura teve a presença do ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República; do ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França; do presidente brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri; da diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello; e do presidente da Fundação Banco do Brasil, Kleytton Morais.
Durante o evento, a Defensoria Pública da Bahia, por meio da defensora pública Aline Brito Müller, apresentou o Programa Mãos que Reciclam em um dos painéis, em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais. A ExpoCatadores também contou com a participação do Recicla Itabuna, projeto do Governo Augusto Castro (PSD), que implementou a coleta seletiva no município junto com a Aacrri. Secretário municipal de Governo e coordenador do projeto, o economista Rosivaldo Pinheiro representou a gestão municipal no evento.
“Foi um momento único, tive a oportunidade de conhecer pessoas de todo o Brasil e escutar histórias tristes e outras de superação”, destacou Carissa Araújo, presidente da Aacrri. A participação da Associação na ExpoCatadores teve o apoio da CVR Costa do Cacau.
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